Nós estamos bem. Hoje, sábado, a situação está um pouco mais calma. Em Shanzu não ocorreram incidentes, mas nos bairros vizinhos, incluindo Kiembeni, têm surgido algumas escaramuças. Continuamos bem e rezamos para que este problema se resolva o mais rápido possível. Nota-se algum controlo da imprensa, mas teme-se que, com a presença dos meios de comunicação social estrangeiros, que estão a denunciar o que parece uma limpeza étnica da tribo dos Kikuyu, em zonas onde dominam os Luos, tudo possa descambar em represálias que acelerem ainda mais a
instabilidade. Só pensar nisto já causa calafrios em qualquer pessoa normal. Os Luos são pessoas inteligentes, como os Ibos da Nigéria, que se consideram marginalizados historicamente pelos Kikuyus, no tocante ao poder, e pensam que este seria o momento ideal para o recuperar, mas vêem-se de novo afastados dele.
A incerteza que rodeou a proclamação dos resultados das últimas eleições presidenciais é para eles uma prova iniludível de que continuam a sofrer a injustiça história que os afecta desde a independência. Exceptuado o tema tribal, Kibaki é apreciado pelo povo e tem muitos adeptos, mas não se pode dizer o mesmo dos restantes membros do seu gabinete governativo. Nós continuamos a levar a cabo o nosso trabalho pastoral, apelando à consciência dos cristãos e confiando que a nossa voz seja ouvida por eles.
A missa da meia-noite da passagem do Ano não esteve tão concorrida como nos anos precedentes. Tínhamos pensado em suprimi-la e aconselhamos as pessoas a rezarem em suas casas; mas pensando que elas iriam afluir, mantivemo-la e a cerimónia decorreu sem quaisquer problemas.
À excepção disso, todos os que precisam de se dirigir a oficinas e casas de comércio verificam que as mesmas se encontram fechadas. Por favor, recordem-nos, a nós e a esta grande nação, nas vossas fervorosas orações.