SALVOS PELO SANGUE DE CRISTO
A Eucaristia é o mistério de entrega mais radical e total que podemos imaginar. Há Eucaristia porque Cristo quis entregar-se, totalmente, por nós. Não imaginemos este mistério salvador desde uma perspectiva física, como se quanto mais sangrenta fosse a entrega, mais garantida ficaria a redenção. Não é assim. A redenção em Cristo é como o amor: sem limites, sem medidas, sem fronteiras. Os seres humanos vão crescendo, aprendendo a dar-nos, ‘ensaiando’ generosidade até que, pouco a pouco, vai fazendo-se carne da nossa carne.
Mas não é assim em Deus, para quem não existem tempos, nem lugares, nem divisões. Em Deus está como um todo nosso passado, nosso presente e nosso futuro. Toda a eternidade. Seu amor é amor total; sem barreiras, sem graus. De uma vez para sempre. Até o extremo. Biblicamente, para um hebreu, o sangue simboliza a vida, a força, o dinamismo. Se nos esgotamos, morremos; vamos ficando pouco a pouco pálidos, sem força. Se alguma vez comprovou em um enfermo os efeitos de uma transfusão, pode entender bem do que falamos. Receber sangue é receber a vida. Assim com Cristo: deu seu sangue até a última gota, porque nada de sua vida se reservou para si.
Mas, a entrega de Cristo, e cada Eucaristia, seria em vão se não existisse uma comunidade que a acolhesse e a fizesse realidade atual: “fazei isto em minha memória”. Desde então até hoje, continuamos escutando este convite em nosso coração: “fazei isto em minha memória”. Todos os cristãos são povo sacerdotal pelo Batismo e, em Cristo, é chamado a oferecer-se ao Pai com Ele, com sua vida e sua morte, com seu sangue.
Como vivo eu a Eucaristia? Em que medida afeta minha entrega e minha disponibilidade radical à entrega de Cristo que celebramos e revivemos?