COM OS OLHOS DA FÉ
Claret ensinou a seus missionários a obedecerem aos superiores não só quando impusessem formalmente, mas a uma simples insinuação. Assim se comportou ele mesmo diante do pedido do Pe. José Xifré, quem, segundo o direito, não podia propriamente mandar sobre ele, mas pedir, insinuar.
O Padre Claret escreveu sua Autobiografia com repugnância; os santos costumam resistir quando lhes toca falar de si mesmos. Mas, por outro lado, o fez com muito carinho, porque percebeu que podia fazer bem a seus missionários. Embora os que conheciam Claret de perto ficassem decepcionados pelo escrito (“diz menos do que cala”, afirmou um diretor espiritual seu), muito condicionado pela modéstia do autor, para nós, que nos sentimos herdeiros do seu espírito, é uma fonte inspiradora inesgotável.
Ao redigir sua Autobiografia, com a idade de 54 anos, o Padre Claret interpreta todo o seu passado à luz da fé, da graça e do chamado a trabalhar por Deus e pelos irmãos. Contempla a própria vida retornando às suas origens, especialmente ao primeiro chamado a evangelizar. Seu interior é o lugar de escutar a voz do Senhor que o envia à missão!
Olhando desde este prisma, cai na conta do valor da Eucaristia e da Palavra de Deus como fonte e força de toda sua existência. E Maria é sua mãe espiritual, em cujo coração se inflama e se forja para ser como uma seta lançada contra o mal. Em sua visão orante da própria vida, dá graças ao Senhor por ter-se servido dele para fundar congregações religiosas, associações leigas, arquiconfrarias, etc., com o objetivo de evangelizar, e descobre seu carisma de escritor, que o levou a publicar folhetos, livrinhos de devoção e inclusive a fundar a editora “Livraria Religiosa”, para fazer chegar a Boa Nova mais além do púlpito.
Nesta meditação autobiográfica, cai na conta da sua ternura compassiva para com os pobres e marginalizados. Percebe-se como um homem possuído pelo amor de Cristo, que o impele a evangelizar sem reparar em esforços e riscos. Foi a vida de um homem que ardia em caridade e que abrasava por onde passava (cf. Aut 494): sua autobiografia é como um ‘Livro de Fogo’.
Você estaria disposto a reservar um tempo para examinar sua vida à luz da fé e no seu estado atual?