VOCÊ NÃO VAI SOZINHO
A ocasião é solene, muito solene. Na basílica vaticana se celebrava a Eucaristia de abertura da segunda Assembleia Sinodal dedicada à Europa (1999). Na primeira, em 1991, a queda do muro de Berlim era muito recente e os povos do Leste se encontravam em plena transformação; na segunda, as experiências eram já outras; todo o mundo estava mais preparado para falar e escutar.
A basílica estava cheia. João Paulo II fez uma homilia inesquecível. Algumas frases são ainda de arrepiar: “Jesus Cristo está vivo em sua Igreja e de geração em geração continua aproximando-se do homem e caminhando com ele” afirmou comentando a narração do texto dos discípulos de Emaús. “Ele, continuou dizendo, o Emanuel, o Deus conosco, foi crucificado nos campos de concentração e de extermínio, conheceu o sofrimento nos bombardeios e nas trincheiras, padeceu onde o homem, onde cada ser humano foi humilhado, oprimido e violado em sua irrenunciável dignidade”.
A frase merece ficar gravada na porta de Auschwitz e de Mauthausen, mas também de muitos outros campos soviéticos desconhecidos, de barracões, naves industriais onde maltratam centenas de imigrantes, de elegantes salas de massagens nas quais moças enganadas com o sonho europeu vendem seu corpo ou choram seu último aborto. Cristo, o Ressuscitado, nunca nos deixa sozinhos. Claret o relembra com palavras preciosas: ele mesmo nos ajuda, ‘nos unge’. E nós, que associávamos jugo suave somente com peso, solidão, sacrifício! Bendito jugo o que nos une ao Ressuscitado.
Você acredita de verdade que Cristo nunca nos abandona? Está convencido de que inclusive se aproxima mais de nós quando a vida parece sorrir menos? Você se deixa acompanhar por Ele?