O Pe. José Mª Ruiz Cano é o único sacerdote do grupo de Mártires de Sigüenza e Fernán Caballero. Nasceu em Jerez de los Caballeros (Badajoz) em 1906 e foi ordenado sacerdote em junho de 1932. Depois de um ano de pastoral em Aranda de Duero (Burgos) foi destinado como formador ao Seminário Claretiano de Sigüenza. Ali o encontraram os trágicos dias de perseguição como responsável de um grupo de 60 seminaristas, cujas idades oscilavam entre 12 e 16 anos.
Sigüenza tinha sido um lugar tranquilo de paz até que a situação se fez extremamente difícil no dia 25 de julho em que o Bispo e quatro Claretianos foram detidos e condenados à morte. Diante destes acontecimentos, o Pe. José Maria Ruiz reuniu os seminaristas na capela, “eram 13,00 horas” diz o cronista, para colocá-los a par da situação. “Quiz animar-nos, mas não pode conter as lágrimas”. Disse ele: “Não acontece nada, mas para prevenir o que poderá acontecer, devo comunicar a vocês com profunda pena que o Colégio ficará fechado por alguns dias. Não chorem. Não está acontecendo nada no momento. Os Superiores concordaram com a posição tomada por precaução… Sairão por grupos até os povoados por perto, já que todos nos ofereceram hospedagem…”
Presidindo esta cena de tão difícil descrição se encontrava uma bela imagem do Coração de Maria com o Menino Jesus nos braços. A Ela dirigiu o Padre sua oração: Ó minha Senhora! Ó minha Mãe! Lembrai-vos que sou todo vosso, conservai-me e defendei-me como coisa e propriedade vossa“. E depois, de joelhos e com os braços em cruz virado para a Virgem Maria, exclamou: Se quereis, ó Mãe, uma vítima, aqui a tendes; escolhei a mim, mas não permitais que aconteça nada a estes inocentes que não fizeram nenhum mal a ninguém”.
Começou o êxodo do pequeno Seminário. O Beato se colocou à frente do grupo dos menores. Adeus, Padre, até logo! disse o Ir. Vitor. Até o céu, lhe respondeu o Beato e tomou o caminho de Guijosa, que está a uns 7 km de Sigüenza. Entraram em Guijosa ao anoitecer e foram recebidos com os braços abertos pelo pároco e os vizinhos. Alguém porpôs ao Padre que fugisse para salvar a vida e os meninos estivessem salvos. A resposta, repetida várias vezes, foi sempre a mesma: “Ainda que me peguem e me matem, não deixo os meninos sozinhos”.
Em Guijosa foram procurar o Padre dos meninos que tinha fugido de Sigüenza. No dia 27, “um pouco anes do almoço, se apresentaram no povoado sete carros da FAI. Um miliciano de Sigüenza disse: Este é o Padre; e o Padre exclamou: “Nossa Senhora do Carmo, salvai a Espanha; morro contente”.
Durante uma hora o tiveram retido em um carro rodeado por milicianas. Os seminaristas iam se reunindo ao redor… “Não tenhais medo, não acontece nada. Morro contente”, dizia o Padre aos meninos.
Uns milicianos que vinham profanar a igreja, traziam de maus modos uma imagem do Menino Jesus. Com desprezo a jogaram ao Pe. José Maria Ruiz, dizendo: “Toma, para que morras dançando com ele”. O Padre a apertou amorosamente sobre seu coração. Mas o miliciano a tirou bruscamente e a arremessou contra o chão.
O carro começou a andar… o Padre se despediu dizendo: Adeus, filhos meus! e os abençoou. Logo depois se deteve a caravana ao terminar o monte Otero, no meio do caminho entre Guijosa e Sigüenza. Uma voz ordenou ao Pe. José Maria que descesse. O Padre entendeu a ordem, perdoou a seus inimigos e empreendeu, como peregrino rumo ao ceu, a subida do monte Otero. Soou uma descarga de fuzis e o Beato caiu em forma de cruz. Eram 13,00 horas do dia 27 de julho de 1936. Um dos milicianos comentaria mais tarde: “Aquele padre que estava com os meninos, ainda dizia que nos perdoava quando íamos matá-lo”.
Nas encostas do Otero, no lugar do martírio, está cravada uma cruz para perpétua memória.
Foi Beatificado em Tarragona (Espanha) no dia 13 de outubro de 2013, juntamente com outros 22 Missionários Claretianos.