TODO MOMENTO É OPORTUNO
Quando Claret foi nomeado confessor real, desafogou-se assim com um amigo por meio de uma carta: “Eu, Confessor da Rainha? Deixem-me ser confessor do pessoal da roça e dos vagabundos, existem outros para confessar Rainhas” (EC I, p. 1334s).
Claret esteve profundamente marcado pelo conhecido texto bíblico “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu, me enviou a levar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4, 18). Meditou sobre o texto e escreveu repetidas vezes, fixando-se não só no envio e no caráter consolador da mensagem, mas também nos pobres como destinatários. Este costume de catequizar o povo simples, adotado em seus anos de Catalunha, continuou também sendo Arcebispo em Cuba (1851-1857): “com a ajuda do Senhor cuidei dos pobres. Todas as segundas feiras do ano, eu reunia a todos os pobres do povoado em que me encontrava e dava a cada um uma moeda, mas antes eu mesmo lhes ensinava a doutrina cristã. O Senhor me deu um amor entranhável pelos pobres” (Aut 562).
A passagem autobiográfica que hoje meditamos deixa-nos, juntamente com esta mensagem de amor pelos pobres, a dica de aproveitarmos todas as ocasiões para evangelizar. Alguma vez entre seus propósitos de exercícios espirituais, Claret escreve o de “não perder um minuto de tempo”. Tudo dedicou à evangelização, de modo que, quando teve que passar semanas de cama, por causa do atentado de Holguin (Cuba, 1856), dedicou-se a criar novos projetos de apostolado; foi então que lhe veio a ideia de fundar a “Academia de São Miguel”, organização de leigos para a evangelização do mundo da cultura. Sua preocupação se orientava a cultos e incultos. Sempre fez honra ao seu lema episcopal “o amor de Cristo nos impele”; copiado de Paulo, (2Cor 5, 14), outro “louco” pela evangelização.