GRANDEZA DE CORAÇÃO
Não é fácil perdoar a quem nos tem ofendido; a tendência à vingança ou ao rancor parece inata em nós. Mas Jesus passou repartindo perdão gratuito e desde a cruz pediu perdão para seus verdugos. Seu coração era assim espaçoso que tinha lugar para perdoar até os inimigos (cf. Mt 5, 44). O amor aos inimigos era para Ele o caminho para chegar aos filhos de Deus, que se “parecem” com o Pai. Na oração ensinada a seus discípulos apresenta nossa opção pelo perdão aos ofensores como sinal da nossa acolhida do perdão do Pai (cf. Mt 6, 14; 18, 35), e só quem perdoou pode apresentar a Deus uma oferenda agradável (cf. Mt 5, 24). A prática do perdão só é possível para quem se vê perdoado. Quem experimentou a gratuidade a difunde (cf. Lc 7,47).
O Padre Claret viveu a fundo o exemplo do seu Mestre no perdão de seus perseguidores. Perdoou de todo coração o seu agressor em Holguín (Cuba, 1856; cf. Aut 583 y 585). Durante seus anos de intenso apostolado em Madri, padeceu todo tipo de calúnias, maledicências, sarcasmos e inclusive vários atentados; a todos perdoou encomendando-os a Deus e amando-os de coração (Aut 628).
Cada ser humano leva em seu interior o sentido de culpa. Não podemos escapar da experiência do remordimento e, por saúde mental, precisamos que alguém nos permita saborear o perdão. Desde esta experiência nos acostumamos a gostar do perdão de Deus. O Senhor nos manifesta seu amor através do seu perdão sem julgar; aos pecadores do evangelho nunca lhes exigiu uma confissão humilhante (cf. Jo 8,11). Colocar-se sob a ação vivificadora de Jesus é o começo da aceitação da sua compaixão, seu perdão generoso. E ele nos ensina a dar a vida pelos outros com esta mesma generosidade.
Sinto necessidade de perdão? Celebro o sacramento da reconciliação como experiência vivificante? Tenho a habilidade de dar vida a outros “ignorando” as faltas?