PRESENTE DE QUALIDADE
Antes de morrer na cruz, Jesus entregou sua Mãe aos cuidados do discípulo amado: “Eis tua Mãe” (Jo 19,27). Com a aceitação imediata (“desde aquela hora”) deste presente, Deus nos ensina a viver em atitude filial para com Maria. Com esta entrega de Maria, o discípulo se converte em filho.
Não é de se estranhar que no seu evangelho João apresente Maria com alguns traços distintos dos sinóticos. Destaca, sobretudo, a narração das bodas de Caná, na qual expressa a convicção de que Maria teve uma função mediadora para que Jesus manifestasse sua glória aos discípulos. O fato proporcionou a eles a inicial experiência de fé (Jo 2,11). Esta mesma narração nos apresenta Maria como uma mulher sensível às necessidades de todos. Em sua presença, que capta necessidades e procura soluções às mesmas, o discípulo amado vê a terna maternidade de Maria, que não pode suportar as penas de seus filhos. Através do mesmo acontecimento, Maria é também a primeira apóstola de Jesus, que convida a tomá-lo como Mestre e Senhor: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,15). Aceitar Maria como mãe nossa é obedecer a Jesus, que equivale a entrar em relacionamento de amor com Ele (cf Jo 15,10).
Claret recebeu e viveu com grande profundidade o dom da filiação mariana e se esforçou por transmiti-lo a todos os crentes. Em referência a si mesmo, escreveu: “Maria é minha mãe, minha mestra, minha madrinha, minha diretora e meu tudo depois de Jesus” (Aut 5). Em seu pedido a ela para crescer em amor divino e em amor ao próximo lhe pede que lhe dê “fome e sede de amor” (Aut 447), consciente de que ela o possua em abundância; e em sua missão apostólica se considera como “uma seta colocada em suas mãos poderosas” para lutar contra o mal. (cf Aut 270).
Que lugar reserva você para Maria em sua espiritualidade cotidiana? Seu relacionamento com Ela é puramente sentimental ou precisa de um impulso para buscar com mais afinco a vontade do Filho e entregar-se a trabalhar pelos valores do Reino?