UM FUNDADOR COM ESTILO
O Evangelho rompe os esquemas da lógica humana: “se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9, 35), “todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo” (Mc 10, 43), etc. Somente quem converteu o evangelho em carne da sua carne e osso dos seus ossos acha conaturais estes comportamentos.
No texto acima, Claret faz referência aos sacerdotes que com ele fundaram, num dia 16 de julho de 1849, uma Congregação de Missionários. E algo parecido escreverá sobre seus colaboradores em Cuba: “Todos foram de conduta irrepreensível, de muito bom gênio e solidíssima virtude. Eu de todos eles tinha que aprender, pois me davam exemplo de todas as virtudes, singularmente de humildade, obediência, fervor e desejos de estar sempre trabalhando” (Aut 606-607).
Costuma-se dizer que “ninguém é herói para o seu mordomo”; o relacionamento prolongado desmistifica as pessoas, percebemos seus defeitos e manias, etc. Mas isto não vale para os santos, que têm um olhar evangélico. Um dos Cofundadores dos Claretianos caiu enfermo poucas semanas depois da fundação e Claret ficou em casa com ele, como enfermeiro, enquanto os companheiros iam para os diversos ministérios. A seus colaboradores de Cuba, cada ano, no final dos exercícios espirituais feitos em comum, Claret lhes beijava os pés. (Aut 611).
O olhar evangélico vê positivamente e capta a verdade profunda do que vê. Claret via seus companheiros como filhos de Deus, lutadores pela causa do Evangelho, diante dos quais tinha que tirar o chapéu.
Como vemos nós nosso irmão? Queremos servi-lo ou que nos sirva? Notamos, antes de tudo, seu encanto como filho de Deus ou nos fazemos cegos diante de uma insignificante limitação física, psicológica ou espiritual?