ORAR, TRABALHAR E PADECER
Por que Claret escolhe estes três verbos na hora de recomendar as práticas que ele considera infalíveis para quem deseja alcançar a perfeição? A resposta talvez a encontramos no seguinte fato da sua vida: no ano de 1847 o Padre Claret recebeu de presente, um livrinho francês chamado O Amante de Jesus Cristo, do Padre Jean Antoine Pelissier. Este livro, que ele leu em francês (ou em italiano, segundo outros), lhe produziu uma grande impressão e quis traduzi-lo e o publicou em espanhol no ano seguinte.
Na introdução de dito livrinho, Claret explica: “De um modo semelhante ao que aconteceu com o Profeta Ezequiel aconteceu comigo: um amigo veio me visitar… deu-me um livrinho, dizendo que era muito bom… Para não ficar sem jeito, aceitei o livro e em meio às minhas muitas ocupações, procurei lê-lo; mas, ó meu Jesus, o que achei eu! Neste livrinho, como naquele campo do evangelho, está escondido o tesouro do divino amor. Neste livrinho, como em um mapa, veio traçado o caminho que devo seguir para amar a Jesus Cristo…”.
O livrinho fala de um personagem imaginário que deseja imitar Jesus Cristo. Em uma primeira etapa, este personagem começa descobrindo Deus na oração. Esta oração profunda o leva, em um segundo momento, a colocar-se em contato com os homens para comunicar-lhes sua experiência de Deus. Em um terceiro momento, este personagem cai em uma longa e pesada série de enfermidades e perseguições que o levarão a identificar-se com a Paixão do Senhor, o que o conduzirá aos cumes da santidade.
Naqueles tempos Claret escrevia: “Cada dia dedico uma hora a traduzir um belo livrinho chamado ‘O Amante de Jesus Cristo’ (dos mais belos que li em minha vida)”. Na publicação do livro em castelhano aparecem outros “Avisos para os que aspiram à perfeição” (talvez escritos por Claret mesmo). E é aí onde aparecem os três verbos: “Quem aspira à perfeição da via unitiva deve praticar três coisas, isto é: orar heroicamente, heroicamente trabalhar e heroicamente padecer”.